Paulinho Moska faz show gratuito no encerramento do festival O Som das Palafitas

Festival o Som das Palafitas, versão 2021/2022 termina no próximo dia 17 de novembro, sexta, 14h, no Instituto Arte no Dique. Com o objetivo de democratizar o acesso à cultura propiciando apresentações musicais com grandes nomes do segmento no país, no Dique da Vila Gilda, onde está a maior favela sobre palafitas do país, o projeto do Instituto Arte no Dique celebrou, nesta temporada, os 80 anos de Gilberto Gil e Caetano Veloso. Nomes como Bem Gil e Moreno Veloso, filhos respectivamente de Gil e Caetano, Nossos Baianos (que mantém o legado do lendário grupo Novos Baianos e conta com filhos dos artistas da clássica banda), Davi Moraes, João Suplicy e Supla, entre outros, fizeram apresentações sempre com aberturas de artistas da Baixada Santista, promovendo, assim, o intercâmbio cultural. Milhares de pessoas têm acompanhado os shows. Para concluir com chave de ouro a maratona musical, Paulinho Moska levará ao público o show Paulinho Moska: Os Violões Fênix do Museu Nacional. O músico, compositor e cantor tocará com seus violões produzidos a partir de restos das madeiras do Museu Nacional, que sofreu incêndio em 2 de setembro de 2018.

Na sexta, 17 de novembro, 14h, será apresentado um trecho do documentário Fênix: o Voo de Davi, sobre o processo de criação dos violões. 14h30 o Coletivo Querô, formado por jovens da oficina de percussão do Arte no Dique, faz o show de abertura. E 15h será a vez de Paulinho Moska subir ao palco. A programação é gratuita e aberta ao público.

Os violões Fênix do Museu Nacional

No dia 2 de setembro de 2018 o Brasil assistiu ao vivo pela televisão as imagens do incêndio da sede do Museu Nacional, situado na Quinta da Boa Vista/ Rio de Janeiro, que destruiu quase a totalidade do acervo histórico e científico construído ao longo de duzentos anos, com mais de 10.000 itens destruídos pelo fogo e cerca de vinte milhões de itens catalogados. Além desse rico acervo, o próprio edifício que abrigava o museu, antiga residência oficial dos imperadores do Brasil, foi extremamente danificado com rachaduras e desabamento de sua cobertura, além da queda de lajes internas. Bombeiros de doze quartéis combateram as chamas.

Um desses bombeiros, o subtenente Davi Lopes, já desenvolvia há alguns anos uma atividade paralela ao seu serviço militar: ele é um luthier, ou melhor, um artesão de instrumentos musicais e sua especialidade é o violão. O curioso é que Davi aproveita madeiras de rescaldo dos incêndios que ele apaga para construir seus violões. Há muitos anos que ele produz instrumentos de alta classe assim, cada violão é feito da madeira que pertencia à uma cama, à uma cristaleira ou à uma mesa de cabeceira que foi parcialmente queimada e estava à caminho do lixo.

Ajudando a apagar o fogo do museu, Davi teve a mesma ideia de sempre, mas dessa vez parecia ser um pouco mais ambiciosa. Ele se juntou à um grupo de jornalistas, artistas, produtores que se autointitularam “Fênix” e que durante dois anos trabalharam para conseguir as autorizações necessárias e cumprir todas as burocracias com o objetivo de realizar o lindo e metafórico sonho de Davi. O projeto deu origem ao documentário “Fênix, o Voo de Davi”, produzido e exibido pela Globo News e atualmente pela Globoplay por streaming.

O cantor e compositor Paulinho Moska é um dos sete integrantes do grupo Fênix e sua canção “Tudo Novo de Novo” foi escolhida como tema principal do filme. Moska também participa do documentário ao lado dos músicos Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Hamilton de Holanda, Nilze Carvalho e Felipe Prazeres. Os seis instrumentos produzidos pertencem ao museu, mas Moska é “padrinho” de dois deles e já fez uma turnê por Portugal em abril e maio de 2022 com sete concertos feitos exclusivamente com os dois violões Fênix.

O show “Paulinho Moska: Os Violões Fênix do Museu Nacional” começa com a exibição dos primeiros 15 minutos do documentário num telão no fundo do palco seguido de um repertório composto por grandes sucessos de sua carreira como Tudo Novo de Novo, A Seta e o Alvo, Pensando em Você, A Idade do Céu, Lágrimas de Diamantes, Último Dia, Muito Pouco, além de uma música inédita do mestre Pixinguinha que ganhou letra escrita recentemente por Moska: “A Dor Traz o Presente” (Pixinguinha/Moska).

O show é uma celebração da terceira vida dessas madeiras, que um dia foram árvores, depois viraram objetos de uma casa incendiada e agora são instrumentos de música e poesia. São usados microfones de alta qualidade para a captação de um som de mais de duzentos anos.

“Uma grande metáfora da vida, que precisa ser transformada e renovada em seu sentido”, diz Paulinho Moska.

A história completa da confecção dos instrumentos pode ser conferida no documentário Fênix– O voo de Davi, com roteiro de Vinícius Dônola e direção de João Marcos Rocha e Roberta Salomone, no GloboPlay.

No show Paulinho também tocará canções de Gil e Caetano.

Sobre o Arte no Dique

28 de novembro de 2002. Nessa data foi lançada a pedra fundamental do Instituto Arte no Dique. Passados 19 anos, mais de 15 mil pessoas, em grande parte moradores do Dique da Vila Gilda, em Santos, frequentaram as oficinas da instituição, tiveram acesso à cultura e à arte. “Cultura como um todo”, como costuma dizer o presidente da ONG, José Virgílio Leal de Figueiredo, já que o Arte no Dique trabalha, com seus colaboradores, alunos, frequentadores, parceiros, a questão da cidadania. Desde a entrega semanal de leite para a comunidade, até as oficinas de percussão (que deram início ao projeto), violão, dança, informática, customização, as exibições de filmes seguidas de debates, shows. Artistas de renome como Gilberto Gil, Moraes Moreira, Sergio Mamberti, Lecy Brandão, Wilson Simoninha, Hamilton de Holanda, Armandinho Macedo, Luiz Caldas, Geraldo Azevedo, Luciano Quirino, entre outros, já se apresentaram no espaço.

Diariamente, cerca de 600 pessoas (antes da pandemia) participam do projeto, que tem a missão de oferecer oportunidade de transformação e desenvolvimento humano e social a crianças, adolescentes, jovens e adultos através da participação da comunidade em ações educativas, de geração de renda, meio ambiente e valorização da cultura popular da região. O trabalho sério, que gerou importantes resultados inclusivos, levou a instituição a tornar-se referência em inclusão social, no Brasil e no exterior, sendo convidada diversas vezes festivais e congressos.

Outras informações em www.artenodique.com.br.

Sarah Campos

Fundadora do Sahssaricando. Vive com a cabeça no mundo da lua, parou no tempo do Balão Mágico e tem alma oitentinha. Gosta de assuntos bons o suficiente para render horas de conversa e é uma eterna aprendiz da vida.

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