São muitos os pontos que unem Josélia, Socorro, Francisca, Neuma, Cícera e a Nossa Senhora do Monte Serrat. Mulheres que fazem parte da história e desenvolvimento da comunidade local, ligadas pelo nome em comum: Maria.
Para contar um pouco de suas trajetórias e renovar o significado delas por meio da arte, as cinco mulheres e a Padroeira de Santos serão representadas no mural ‘Retrato’, que está ganhando cor e vida no sopé do Monte Serrat, localizado na Rua Bittencourt.
Produzido pelas grafiteiras Lia Fênix, Cléo Moreira e Fixxa, que coordena a execução do painel, a obra conta ainda com a participação de Colante e Xall Len, responsáveis pelo lettering (recurso artístico que estiliza letras em forma de grafite).
“A proposta de homenagear toda população do local através das Marias veio do produtor-executivo do projeto, Orlando Rodrigues”, disse Fixxa. “A comunidade tem sido bem receptiva. Eles param, contemplam, identificam as homenageadas e contam histórias e momentos que vivenciaram com elas”, continuou. “Eles querem ver a obra finalizada, mas penso que nós somos as mais ansiosas aqui, na verdade”, brincou Lia.
Após receberem o material de pesquisa, feito pelos moradores do Monte Serrat Arquimedes Machado e Simone Carolino, e pela jornalista Catharina Apolinário, as artistas procuraram representar as Marias com cores, flores, folhas e objetos que tivessem a ver com o cotidiano de cada uma delas.
“Utilizamos fotografias como base e pedimos para que as Marias posassem com algo que as representasse”, contou Fixxa. “Em meus trabalhos utilizo muito a vegetação que representa o nosso País. Nessa obra, fui além e busquei plantas e rosas que representassem a espiritualidade de cada uma delas”, afirmou Cléo.
Moradora da comunidade do Monte Serrat há 44 anos, Maria do Socorro Pinto e Araújo é uma das homenageadas. Vinda da região de Jamacaru, no Ceará, ela chegou a Santos aos 15 anos de idade, acompanhada do irmão.
Hoje, Socorro se dedica a cuidar de Joyce, uma de suas filhas, que nasceu com sério problema de saúde e, aos 26 anos, não se comunica e nem se locomove. “Ainda não vi o mural de perto, até por causa dos deveres que tenho com a minha filha. Mas meu marido viu, falou com os artistas. Minha filha mais velha fotografou e me mostrou”, contou. “Mas é muito gratificante saber que representarei toda a comunidade e que toda a história da minha dedicação estará impressa lá”, complementou Socorro.
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