Este ano foi o ano das obras do Stephen King. Seja no cinema ou na televisão, vários contos do escritor renomado no generô horror/ficção ganharam adaptações e estão levando fãs a loucura.
Recentemento chegou a Netflix “Gerald’s Game” aqui no Brasil com o título “Jogo Perigoso”, adaptado do livro de 1992. Uma trama muito intensa e que te faz mergulhar no subconsciente de uma mulher que luta para se libertar de suas amarras físicas e emocionais.
O filme começa com um casal, Gerald e Jessie, indo para sua casa de verão para terem um fim de semana mais intimo. Ambos querendo apimentar uma relação que foi se esgotando por conta da rotina, resolvem ter esse momento para reacender a paixão, porém as coisas fogem do controle.
Jessie está cansada dos jogos de Gerald, e após ser algemada a cama tenta o afastar dela e pede para que ele a solte. Porém a situação se complica quando Gerald sofre um ataque cardíaco e ela fica a mercê presa nas algemas.
Enquanto ela tenta se soltar, memórias dolorosas começam a atormenta-la, e sua unica companhia são um cachorro selvagem e vozes que habitam sua mente.
A trama é de premissa simples, porém com elementos agoniantes. A identificação com o que a personagem principal passa é direta, e a cada frame você torce (e se contorce) para que ela saia do cativo. Enquanto isso, a história vai mostrando que uma prisão não é feita necessariamente só de algemas.
É um thriller que mexe com o psicológico e testa em todos os momentos sua empatia. Quanto mais cresce a identificação com o que Jessie sofre, mais aflito ficamos para que aquele cenário acabe.
A obra foi considerada uma das mais dificeis de seram adaptadas, e assistindo ao filme percebemos que o trabalho em manter uma personagem central em um unico cenário é um desafio e tanto para fazer uma história render bem até um desfecho. São 103 minutos de um enredo excelente com atuação impecável e um cenário muito impactante.
A falta de uma trilha sonora na película a deixa mais sombria, levando mais atenção aos dialogos e as cenas. As cores destacam-se de maneira genial, mostrando em momentos mais importantes o uso exacerbado do vermelho, mostrando um horror invisível aos olhos.
O filme é dirigido por Mike Flanagan produzido pelo Netflix. E já é considerado uma das melhores adaptações feitas pelo serviço de streaming. No elenco temos Bruce Greenwood como Gerald e Carla Gugino como Jessie, com grande destaque e brilhantismo em sua atuação.
Jessie apesar de estar em uma situação deplorável não é apresentada como uma simples vítima. O filme foge do clichê de colocar uma mulher em situação de perigo iminente que precisar ser salva por intervenção de terceiros. Ela é engenhosa e luta pela soltura em todo o momento. E ao mesmo tempo enfrenta os fantasmas do passado que ainda a aprisionam.
Carla Gugino é excepcional. Mantendo cada minuto do filme o telespectador vidrado. A atriz já tem muita experiência no cinema, porém nunca com tanto destaque, o que me surpreendeu um talento desses nunca ter tido a oportunidade de brilhar solo como neste filme.
É um filme muito intrigante, mesclando situações do presente e do passado. As amarras sociais são questionadas, assim como a abordagem sobre o medo, insegurança e segredos que podem nos afligir e perturbar.
Nós adoramos, e com certeza recomendamos. Um dos melhores filmes da Netflix!
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