Bingo – O Rei das Manhãs

A convite do Cine Roxy, conferi na ultima terça feira a pré-estréia de Bingo – O Rei das Manhãs. O filme é um drama inspirado na vida de Arlindo Barreto, o primeiro ator a interpretar o palhaço Bozo, nos anos 80 na televisão brasileira.

O filme, baseado em fatos reais tem direção de Daniel Rezende e Vladimir Brichta no papel principal.

“A vida não é brincadeira não”

A trama é sobre a história de um ator chamado Augusto Mendes (Vladimir Brichta) que quer melhorar sua vida de ator e sair do ramo de pornochanchadas (filmes eróticos). Sua vida começa a mudar quando ele desiste de fazer um teste para novela e cava oportunidade em fazer um teste para um programa infantil.

De maneira descontraída o filme vai mostrando o surgimento de Bingo, um palhaço que tem como missão deixar a emissora em boa pontuação de ibope nas manhãs. Augusto consegue o trabalho de sua vida, porém não pode receber os créditos pela atuação.

O seu nome não apareceria como o interprete de Bingo por conta de um contrato de anonimato. Somente a produção do programa e seu filho sabiam de seu segredo. E nesse ponto o filme começa a se tornar uma película memorável.

Todos os pontos aparecem em timing perfeito no filme. O momento onde conhecemos o personagem, a ascensão e a queda, estão todos ali. Mas por não ser um relato  totalmente real, e sim uma história com alguns pontos em comum com a realidade, a criatividade foi maravilhosamente utilizada para criar um Augusto Mendes fácil de se identificar.

Augusto é um homem que se dedica por inteiro ao palco. Colocando todas as outras coisas em segundo plano, incluindo família e até mesmo seu senso de moral. Assim como em muitas histórias de celebridades decadentes, Agusto se drogava, bebia e participava de orgias.

Ao mesmo tempo que ele vivia essa realidade, Agusto era bom pai e bom filho. Um homem engraçado, atencioso e amoroso. Essas duas realidades distintas faziam parte do mesmo ser, e entram em colisão em detalhes muito bem colocados em cena.

Outro destaque do filme é a personagem Lucia (Leandra Leal) que é a diretora do programa infantil. Lucia sente uma responsabilidade muito grande em trazer uma franquia gringa para ser adaptada para nacional, ao vivo para um publico instável de crianças. Além disso ela percebe que as mudanças deAugusto entre a genialidade e a autodestruição podem colocar tudo a perder.

Leandra Leal e Vladimir Brichta tem ótima sintonia em cena. A atuação é impecável e em muitos momentos você acha que está rolando um clima mais romantico. As personalidades fortes de Lucia e Augusto se mesclam na trama criando um dos maiores programas de televisão da década de 80.

O filme me lembrou muito Cisne Negro nesse quesito de crise existencial. Quem será que domina quem? Bingo ou Augusto?

Foi surpreendente assistir um drama que não tem tantas reviravoltas e mesmo assim consegue te colocar em vários momentos de reflexão. Sem viradas mirabolantes de roteiro, o filme segue uma de forma linear em mostra em suas quase duas horas de duração momentos altos e baixos de forma perfeita. É possível rir e chorar conforme a trama passa sem dificuldades.

Cada detalhe faz com que o filme se torne único e marcante, tirando-o da zona de conforto de ser somente mais uma adaptação da realidade. Recomendo assistirem!

Sarah Campos

Fundadora do Sahssaricando. Vive com a cabeça no mundo da lua, parou no tempo do Balão Mágico e tem alma oitentinha. Gosta de assuntos bons o suficiente para render horas de conversa e é uma eterna aprendiz da vida.

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