Pouca gente gosta de admitir que tem medo de algo, mas todos nós tememos alguma coisa. Seja por motivos reais ou irreais, o medo é uma emoção primária no ser humano que nos deixa em estado de alerta. É uma espécie de aviso de segurança dentro de nós que funciona para nos proteger e nos preservar como espécie.
Então sim, até o ser humano mais corajoso tem seus medos. O que muda em cada pessoa é a forma de encarar esse sentimento. Dizem que o primeiro passo para enfrentar qualquer coisa nessa vida é admitir que a situação existe. E esse ano eu admiti várias coisas para mim mesma e consegui ter um progresso muito grande relacionados a receios e medos que habitavam meu dia-a-dia.
Confesso que o maior medo que senti durante essa fase de transição que ando passando foi o de me aceitar sem a necessidade de “me aceitarem”. Assim como muitas outras pessoas, eu considerava a opinião alheia importante na minha vida. Claro que não a ponto de me privar das coisas, mas mesmo assim, importante o suficiente para me deixarem para baixo e até muito triste.
Após um período de “livramento” nesse ano, comecei a colocar em xeque tudo o que estava fazendo, e quais “monstros” eu estava alimentando. E eu alimentei muita coisa ruim durante tanto tempo, que foram tomando quem eu era, me impedindo de progredir.
Um desses “monstro” era o da aceitação. Eu precisava me sentir acolhida e na mesma medida acolher cada pessoa que eu conhecia. Por que? Por que ninguém gosta de ser o esquecido, o sumido, o “não tão legal”. Mas esse prisma mudou radicalmente após perceber que determinadas pessoas nunca vão te aceitar verdadeiramente na vida delas. E se não for de verdade, não adianta forçar, uma hora a conta chega, e se paga.
Minha conta chegou, bateu na minha cota de paciência e eu resolvi que não…. não queria mais aceitar ou que “aceitassem” algo falso. Então aquele medinho de não me encaixar foi escancarado, e de fato não me ajustei ali mesmo. E sabe o que aconteceu? Hoje estou bem melhor e feliz do que eu estava até o início desse ano.
Outro medo entrelaçado era o do reconhecimento. Vivia me medindo o tempo todo para “estar um passo na frente da régua dos outros”. Qual era a real? Eu era cobrada duas vezes: uma por mim, e outra por gente que nem deveria estar no juri. São coisas que depois que passa se tornam tão pequenas e bobas, mas que no momento em que se vive podem te deixar sem animo.
O medo vem em várias formas e tamanhos. E no final ele é um alerta para olharmos a situação em que estamos. Existem medos que nos privam, e alguns que nos salvam. Mas como diferenciar?
Eu sempre digo para mim mesma que ouvir nossa voz interior é essencial para nos conhecermos mais e mais. Se estou receosa de algo e quero me afastar ou sair correndo daquela situação eu não penso duas vezes: corro para o mais longe possível. As vezes o que precisamos é olhar de outra distância, dar um tempo para encaixar todas as peças antes de dizer se foi besteira ou não sentir medo.
Porém existem aqueles medos acompanhados do desejo. Se estou prestes a fazer algo que sempre quis e me bate medo de não dar certo eu tento mesmo assim. E se o medo se concretizar, ao menos eu fui lá e enfrentei, mesmo podendo perder.
Não é vergonhoso e nem problemático ter medos. É preciso muita coragem para saber que o medo faz parte de cada um de nós e que temos o direito de ter nosso próprio tempo e maneiras para combater o que nos aflige.
Então quando se sentir com medo respire fundo e mentalize a situação. Saia de perto de seja o que for que tire seu sono, pelo menos por um instante para que você tenha espaço e tempo para avaliar de outra forma aquilo. E se quiser enfrentar, enfrente. Se não quiser enfrentar, não enfrente.
Não deixe que te ridicularizem por ter medo de palhaços. Ou que te questionem porque você tem medo de avião. Não deixe que te diminuam porque você tem medo do escuro…. não importa! Viva seu momento e processe no seu tempo as coisas. Só assim você vai estar preparado para viver sua vida.
Você é capaz de vencer qualquer coisa. Só precisa descobrir isso.
Leave a Comment