Visceral e questionador. Assim é Soundtrack, filme de Selton Mello que chegou recentemente aos cinemas de todo o Brasil.
Um drama extremamente técnico, que dificilmente agradará todos, a proposta do filme é discutir as relações profissionais e pessoais mostrando da ótica de uma situação extrema diversos conflitos do dia-a-dia. No filme, o fotógrafo Cris (Selton Mello) viaja até uma estação de pesquisa polar para se isolar e tirar selfies que capturem as sensações causadas por uma série de músicas pré-selecionadas para realizar uma exposição. No local, ele conhece o botânico brasileiro Cao (Seu Jorge), o especialista britânico em aquecimento global Mark (Ralph Ineson), o biólogo chinês Huang (Thomas Chaanhing) e o pesquisador dinamarquês Rafnar (Lukas Loughran). Os cinco precisam conviver juntos e descobrem diferentes perspectivas sobre a vida e arte.
O roteiro e direção de Soundtrack são assinados pelos brasileiros Manitou Felipe e Bernardo Moura. Com um clima claustrofóbico, as relações humanas ficam em evidência. O primeiro trabalho da dupla torna-se um filme sério, mas sem ser pretensioso. É o cinema de arte acessível para todos. O personagem de Selton é um marco para sua carreira. Ele se entrega de corpo e alma, criando uma persona introspectiva que tenta se isolar do mundo que é factível e aceitável. Ele muitas vezes não demonstra ser um personagem, você é capaz de sentir a realidade do papel.
Os outros personagens também são executados com brilhantismo pelos colegas de elenco de Mello, que tornam o filme agradável ainda que hajam pouquíssimos cenários ou atores contracenando. A resistência deles em aceitar o trabalho artístico de Cris é contrastante com suas próprias vidas, em que são renegados apesar do brilhantismo de seus trabalhos.
Sem dúvida, o cinema nacional ganhou muito com a estréia de Soundtrack, que vale a pena ser visto e absorvido para nossos próprios questionamentos.
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