A mais recente série da Netflix é a mais cara já feita pela empresa. Com um elenco de peso, tanto entre os novatos quanto entre os veteranos, The Get Down é uma viagem ao Bronx dos anos 70, visitando duas cenas distintas da época.
O ano é 1977, e os Estados Unidos estão bem divididos. De um lado, temos os ricos que vivem em sua própria sociedade. Do outro, as populações menos favorecidas que tentam sobreviver em um inferno semi-destruido, que atende pelo nome de Bronx. O bairro abrigava em sua maioria negros e latinos, e o jogo político da época dificilmente se lembrava da região. Com uma situação dessa, era muito dificil para os jovens ter uma visão de futuro. Ou entravam de cabeça na religião, ou iam para as ruas e dividiam seu pouco tempo de vida entre o tráfico de drogas e a cadeia. A terceira solução, muito díficil de alcançar, era a música. A série desempenha extraordináriamente o relato da época, e as dificuldades que os jovens enfrentavam para tentar uma vida melhor.
O primeiro episódio, de 90 minutos, é acelerado e um pouco confuso, mas conforme os episódios vão passando, a trama fica mais fácil de reconhecer, focando mais no roteiro e adaptando os momentos musicais a historia.
Muitos músicais se restringem a agradar um público específico, mas em The Get Down vemos uma preocupação em fazer as cenas cantadas terem sentido com a história, não forçando aos espectadores dialogos cantados ou cenas sem sentido. A trilha sonora foi escolhida a dedo, com músicas marcantes para a época e uma versão inédita de Christina Aguilera, que deixa as pessoas arrepiadas quando a escutam pela primeira vez no seriado.
Além da música, houve uma preocupação em mostrar a cultura da época no Bronx, então o grafite e a rima são também peças importantes da narrativa, deixando tudo ainda mais caracterizado com a expressão do hip hop que estava nascendo na época. A música disco também está fortemente presente, e a transição dos gêneros começa no relacionamento dos protagonistas e avança para o cenário politico e social da época, com uma preocupação enorme com os cenários e o figurino, motivo que levou essa a ser a série de maior custo da Netflix.
A criação fica por conta do veterano Baz Luhrmann, que tem em seu cúrriculo Moulin Rouge e O Grande Gatsby. Ele dirigiu o primeiro episódio, mas, por ser um homem australiano e branco, disse que essa “não é a sua história”, e tornou-se produtor executivo dos outros episódios da série. The Get Down conta com os aclamados atores Jimmy Smits (Bail Organa em Star Wars episódios II, III e em Rogue One) e Giancarlo Esposito (Breaking Bad e Once Upon a Time), além de um elenco de novas estrelas, com destaque para Shameik Moore, que faz o “mentor” do grupo Shaolin Fantastic. Sua atuação é brilhante, e seus movimentos dão um toque especial a suas cenas. A série usa vários nomes da época do surgimento do hip hop, como Grandmaster Flash, a quem é atribuida a invenção do “Scratch”, Afrika Bambaataa, o padrinho do Hip Hop e DJ Kool Herc, considerado o Pai e fundador da Cultura Hip Hop. Os personagens principais tem diversas interações com estas personalidades, dando ainda mais credibilidade para a história que é passada nos episódios da série.
A Netflix, talvez pelo custo da série, lançou apenas 6 dos 12 episódios da primeira temporada, o que além de inusitado, pode se tornar um problema pois o público pode perder o interesse se os outros episódios demorarem a aparecer. Entretanto, o último episódio lançado deixa um gostinho de quero mais e com certeza por enquanto não vamos deixar a ansiedade ir embora!
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