A cinebiografia de José Aldo é colocada em prática por Afonso Poyart, diretor Santista que acaba de voltar ao Brasil. Seu primeiro filme, 2 coelhos, foi uma obra de arte, mas a sequência, Presságios de um Crime, teve respostas mistas e não agradou tanto quanto o primeiro.
Sinopse
Nascido e criado em Manaus, José Aldo (José Loreto) precisa lidar com a truculência do pai, Seu José (Jackson Antunes), que além de se embebedar constantemente ainda por cima bate na esposa, Rocilene (Cláudia Ohana), com frequência. Enfrentando constantemente seus demônios internos, Aldo encontra na luta sua válvula de escape. Acreditando em seu futuro como lutador, ele aceita se mudar para o Rio de Janeiro e morar de favor no pequeno alojamento de uma academia. Lá ele recebe o apoio do amigo Marcos Loro (Rafinha Bastos) e conhece Vivi (Cleo Pires), uma jovem que vai constantemente à academia. Precisando ralar um bocado para se manter, Aldo enfim consegue um voto de confiança do treinador Dedé Pederneiras (Milhem Cortaz), iniciando assim sua carreira no mundo do MMA.
Opinião
Após o baque de Presságios de um Crime, que era pensado como uma sequencia para o aclamado Seven: Os Sete Pecados Capitais, mas que não emplacou nas críticas e enfrenta um engavetamento por conta de sua produtora, Relativity Midia, Afonso Poyart se encontrou em um momento de questionamentos. Em dúvida sobre sua carreira, decidiu voltar ao Brasil, aonde se reencontrou como um artista, como ele afirmou na estréia do filme na cidade de Santos, no Cine Roxy. O terceiro filme da carreira de Poyart, entretanto, continua no campo mediano de seu antecessor, e ainda está longe do brilhantismo de sua estréia como cineasta.
Em um primeiro ponto, temos a atuação exemplar de todo o elenco. José Loreto está exemplar no papel, e não fica devendo para os veteranos Jackson Antunes e Cláudia Ohana. Os outros atores também ajudam bastante, em especial Rafinha Bastos e Cleo Pires. A trilha sonora é executada de forma perfeita e foi, na minha opinião, o grande ponto positivo do filme.
Bebendo da fonte de grandes filmes de luta do passado, o filme nos passa a imagem de um protagonista selvagem, quebrado, que encontra nas artes marciais seu centro e mergulha na filosofia da luta para se tornar uma pessoa melhor. Apesar de Poyart utilizar-se desse argumento para o filme, sua estética não entra em sintonia com o texto proposto, e as cenas de luta, que deveriam ser focadas para nos mostrar o personagem e todo o fardo que ele carrega são substituídas por câmeras que giram a todo o momento, nos mostrando cenas dignas de um filme de ação quando poderiam explorar todo o drama que a trama carrega consigo. Esse exibicionismo não é exclusivo das cenas de luta, mas também é visto nos cortes frenéticos e nos flashbacks que enfatizam as motivações de Aldo. Outro ponto questionável é o apego de Jackson Antunes, que interpreta o pai do lutador, quando a figura fragilizada do filme é sua mãe, interpretada por Claudia Ohana. Para um filme que prega a redenção, ele pouco emociona.
Se você é fã de lutas como UFC, é um filme que vale a pena ser assistido, tanto pela história do grande lutador quanto pelas cenas de combate cheias de ação e bem ativas. Mas se espera um drama autobiográfico, na minha visão, o filme não se vende.
Até a próxima pessoal!
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