CCXP – Uma Nova Experiência [crítica]

Pelo segundo ano consecutivo a Comic Con Experience aconteceu nos primeiros dias do mês de Dezembro em São Paulo. O evento teve a presença de muitos convidados e contou com cerca de 100 mil visitantes entres os 4 dias. Nós estivemos lá mais uma vez para acompanhar novidades e ter um fim de semana bastante divertido, e a partir desta publicação falamos sobre a experiência de estar em um evento geek.

 Para começar tivemos duas experiencias diferentes nesta edição: a de imprensa e a de publico pagante. Esse ano recebemos novamente credencial de imprensa para os dois primeiros dias (quarta e quinta feira) e como já havíamos comprado os ingressos para o terceiro dia (sábado) resolvemos ampliar nosso passeio no evento por mais tempo e mantemos os ingressos comprados.

Com a credencial em mãos na quinta feira.

QUINTA E SEXTA FEIRA

Logo pela manhã fomos retirar as credenciais de imprensa. Ao olhar pela primeira vez e ver uma fila grande para o guichê que íamos já pensei: “Vai ser demorado” pois sabia que esse ano o evento cresceu e assim mais veículos se interessariam em cobrir. Ao chegarmos no guichê tivemos um pequeno problema: não achavam nossas credenciais. Mas antes que eu pudesse ficar perplexa com algo a atendente prontamente me encaminhou para outra fila onde estavam solucionando esse tipo de situação. E assim fomos.

Sendo atendidos pela segunda vez fomos informados que os cadastros estavam sofrendo problemas mas que eles estavam arrumando pela confirmação de email. Prontamente mostrei o email que recebi deles e assim foi a segunda atendente emitiu as credenciais. Sem demora ou até mesmo conflitos. E daí veio meu segundo pensamento “Deve estar uma loucura organizar essa edição” e mais uma vez estava certa.

Calculando entre a fila, o final do atendimento e andar pelo corredor que ligava a parte de credenciamento até o local do evento levamos meia hora. Se for analisar, não demorou nada pois perder um cadastro já atrasaria muito mais do que esse tempo, e o trajeto entre a entrada e o evento também não era pequeno.

Ao entrar a sensação foi de alegria! Dá para sentir que a CCXP está crescendo e que isso que vemos é apenas o início. Várias pessoas circulavam já la dentro apesar de ser cedo (e um horario reservado para convidados e imprensa). As empresas apostaram mais na ideia da feira e vimos estandes maiores, novos parceiros e muito comércio.

ccxp atrações
Muitas atrações para se divertir e itens exclusivos.

Deu para conhecer todos os estandes e participar de brincadeiras e atividades, porém de cara sentimos a necessidade de mais variedades na programação. Para quem pega um dia para ir é perfeito, pois passear nos estandes e participar de algumas atividades se torna divertido. O problema é quando você já visitou tudo o que era acessível e fica a mercê de coisas mais limitadas. Assim foi o início da sexta.

Sem precisar passar novamente pela fila para retirar credenciais, entramos direto no evento, com a missão de fazer o restante da cobertura que não fizemos no primeiro dia e garantir algo que todos queriam: um lugar dentro da sala Cinemark.

A Sala de painéis Cinemark na quinta pela manhã. Super bem projetada, porém a unica para muitas atrações.
A Sala de painéis Cinemark na quinta pela manhã. Super bem projetada, porém a unica para muitas atrações.

A sala Cinemark era o local onde tinham os painéis importantes do evento, seguindo a mesma linha de outras Comic Cons. A sala foi projetada para ter som e imagens de alta tecnologia e contava com 2 mil lugares. O problema? Era o único local com todos os painéis grandes. Quem queria conferir novidades Disney, Sony, Fox, Warner e afins tinha que ficar na fila e rezar para ter sua chance. O fato aqui não é reclamar porque sou imprensa, não estou pedindo preferencia lá (tanto porque imprensa deve ter preferencia a assistir coletivas fechadas para profissionais e não ocupar o espaço do cliente que pagou), o ponto que quero mostrar aqui é a necessidade de ampliar a programação e principalmente alterna-la. Ano passado foram duas salas diferentes e o fluxo funcionou melhor. Quem quer assistir por exemplo um artista convidado entra na sala X, quem quer ver novidades de uma produtora entra na sala Y. Essa necessidade foi algo que senti e compartilhei com outras pessoas no local, das quais concordavam com a minha linha de pensamento. Resumindo: sexta não cobri nenhum painel pois não cheguei cedo. E quando digo cedo, digo que não cheguei as 4 horas da manhã.

Mas e aí? Sem os painéis o que se faz? Se prestigia outras coisas! Aproveitei para circular pelo Artist’s Alley, o local onde ficam os talentos independentes. Aliás, ouso dizer que foi meu local favorito lá dentro tanto na primeira quanto na segunda edição. Além de poder conhecer trabalhos diferenciados, ver o esforço dessas pessoas que movem a cultura geek é muito gratificante. Para quem não sabe, ou tá aprendendo agora, essa hype GEEK que hoje é tão comum e acessível para todos começou com os Quadrinhos. Sim! Com pessoas que desenvolveram ao máximo suas habilidades para tornar reais super heróis, monstros, e personagens que hoje estão estampando filmes, desenhos, produtos e sendo interpretados pelos tão queridos Cosplayers. Terminamos a sexta fazendo um tour pela área de compras do evento, e assim encerramos nosso papel de imprensa.

SÁBADO : EXPERIÊNCIA COMO CONSUMIDOR

Como havíamos comprado os ingressos antecipadamente e pedido para ser entregue em casa caminhamos diretamente as filas de entrada. Aqui o fluxo de pessoas era maior e vimos uma organização excelente quanto a movimentação das filas. O problema? Correria e afobação de pessoas querendo passar na frente de outras. O que precisa ser compreendido é que existe um sistema para tudo acontecer, e toda vez que alguém tenta se achar esperto em cima do próximo esse sistema sofre falhas. Todos que aguardavam na fila entraram do evento da mesma maneira de quem estava afobado. E todo o percurso não demorou mais do que meia hora também. Resumindo: o resultado de tempo foi igual ao de imprensa, sendo que o de imprensa demoraria menos se não houvesse uma falha de sistema (o que é pra lá de compreensível).

12335955_1031126960243329_967561672_n
Equipe Sahssaricando com Mark Waid, roteirista da DC Comics

Ao entrar no evento pela terceira vez vimos um número ainda maior de pessoas lá dentro. Resultado? Mais e mais filas. Algumas atividades ficaram extremamente limitadas, um exemplo foi o estande do Netflix, que por ser concorrido estava abarrotados de pessoas. Isso pode ser considerado uma falha? Sinceramente não! Acho que o porém aqui fica para a quantidade de empresas que se empenham em levar atrações para a feira, e não para a produção do evento em si. O mercado GEEK ainda não é solidificado, e senti que mesmo que querendo apostar na CCXP, as empresas podem (e devem) colaborar mais com o consumidor. Seja entregando brindes para a garotada, ou então animando as pessoas que ainda estão em espera de algo. Daí vemos dois grupos distintos de consumidores surgir: os que conseguiram brincar e os que morreram de tédio.

12351184_1031126996909992_1628273408_n
Integrantes do site O Camundongo, do qual eu e o Al somos também escritores.

O sábado para nós foi ideal para se reunir com amigos de outros locais, e também de fazer novas amizades. Conheci pessoas ótimas circulando pela feira (e pelas filas) e pude trocar muita informação sobre assuntos em comum. Era gente de tudo quanto era lugar: Paraná, Rio de Janeiro, Goias e até Manaus. Todos gente como a gente, com seus sonhos, planos, ídolos favoritos e visões próprias sobre o cenário geek. Foi um dos melhores momentos da “experiencia” de uma convenção, conhecer alguém exatamente igual a você.

PONTOS ALTOS

A CCXP está fazendo uma mudança drástica em como os NERDS são vistos, e ao fazer isso ele não leva somente o conteúdo e a personalidade desse grupo para o mundo comum, mas faz com que todas as tribos desse segmento entre em comunhão. Lá você pode ser fã de quadrinho, gamer, jogador de RPG, cosplayer, fã de música, cinéfilo ou que for… será bem vindo e terá algo para se identificar. Não é um evento para quem curte isso ou aquilo, é um evento para reunir todo o tipo de entretenimento e dissemina-lo para todo o tipo de pessoa. É uma inclusão de diversão, seja você fã dos quadrinhos de Miller, ou alguém que está se identificando somente agora com essas coisas porque é cliente Netflix. Ambos de vocês são fãs, são pessoas do qual a produção se importa e que tenha uma experiência incrível.

PONTOS BAIXOS

Infelizmente não adianta só jogar confete e deixar de perceber aquilo que pode ser melhorado. Tanto porque se ninguém fala do que desagrada não tem como saber que essas coisas ocorrem. Para mim o ponto baixo fica por conta das empresas parceiras. Não dá para trabalhar em um evento de um porte tão grande e que atende a tantas pessoas no estilo “Give them nothing, take from them everything”. É muito legal fazer comprinhas dentro de um evento mas e o retorno? Cativar um cliente é mimá-lo, torna-lo importante. Ano passado eram menos empresas mas o apreço foi maior e o atendimento mais dedicado. E sim, o cliente quer brindes! Ele quer levar um poster, uma ecobag, um chaveiro….qualquer mimo que o lembre do evento ocorrido, e pouquíssimos disponibilizaram algo assim. No Artist’s Alley eles estavam super solícitos pois sabem que cada pessoa que visita um estande e compra uma HQ ou mangá vai alavancar seu trabalho. Porque uma grande não pode continuar a fazer o mesmo? APOSTEM no público, eles querem vocês! Acho que o mercado precisa aprender com o evento de que o publico quer ter esse tipo de contato e engajamento. Acreditem na CCXP e em seus consumidores.

Outro ponto baixo é a falta de profissionalismo de alguns veículos que se dizem imprensa. Sim, é delicado falar disso porém o farei pois vi muitas situações de profissionais da área que tiraram o proveito de ter uma credencial para ser usada somente como free pass e desculpa para destratar os outros. E não, isso não é legal! Você tem todo o direito de ser aproveitar do evento enquanto faz a cobertura, mas furar filas e dar carteiradas para afirma o quanto você é importante não te torna profissional, só faz de você alguém que desrespeita os outros. Aliás alguns profissionais passaram muito dos limites, desagradando e humilhando consumidores por ou não entenderem o real objetivo do evento, ou porque só estavam cumprindo tabela de serviço. Aqui fica minha sugestão: INDIQUE profissionais melhores de seus veículos. O evento pode até ser uma pauta para você e seu jornal/revista/blog/etc, mas para muitos outros é uma oportunidade unica de ter aquilo que não se tinha a muito tempo: acesso a conteúdo de entretenimento!

E nesse ponto baixo coloco o ponto altíssimo da organização da CCXP (que ocorreu ainda antes que eu fechasse esse post), a produção do evento ouve tanto o que o cliente tem a dizer que baniu um veículo pela falta de profissionalismo do mesmo. E acredito que todas as outras coisas desagradáveis que forem citadas eles vão averiguar. Pois como disse no ano passado e reafirmo aqui: O Omelete, a CHIAROSCURO, e todas as outras pessoas envolvidas nessa jornada são gente como a gente. Tão fãs como nós, e por isso sabem lidar e fazer tudo de maneira tão carinhosa.

Então se você me pergunta: Vale a pena ir? CLARO QUE SIM! É um local único! E todos os pontos citados acima são de quem acredita que a cada edição as coisas vão entrar ainda mais no eixo. É diversão garantida.

Com o idealizador do evento Ivan Freitas
Com o idealizador do evento Ivan Freitas

Eu como blogueira do Sahssaricando parabenizo a equipe da Comic Con Experience 2015 e agradeço ser escolhida entre tantos outros veículos para cobrir dois dias do evento. Espero estar na próxima edição lá novamente e ver que o evento vai crescer tanto que vai virar notícia no mundo.

Obrigado leitor por ter tido a paciência de ler toda nossa crítica. Em breve falaremos das novidades anunciadas na CCXP. Nos acompanhe!

Sarah Campos

Fundadora do Sahssaricando. Vive com a cabeça no mundo da lua, parou no tempo do Balão Mágico e tem alma oitentinha. Gosta de assuntos bons o suficiente para render horas de conversa e é uma eterna aprendiz da vida.

More Reading

Post navigation

Leave a Comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *