Crimson Peak – A Colina Escarlate

Os filmes de terror mudaram muito nos últimos tempos, e aquelas histórias macabras como Contos da Cripta e Goosebumps das quais eu estava habituada perderam espaço para serial killers, grupo de pessoas que morrem pela mão de um psicopata e entidades do além.

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Eu gosto de um terror clássico, aquele que vai te causar mais ansiedade do que susto ou medo. Alías, odeio qualquer coisa ligada ao sensacionalismo, incluindo filmes que apelam para dilacerações e monstros deformes com gritos e desesperos. Quando fiquei sabendo do lançamento de Crimson Peak fiquei cheia de  esperanças e com uma ponta de receio. Será que Guillermo Del Toro ia fraquejar para atender a demanda de telespectadores que amam uma tragédia animalesca? E enfim tive minha satisfatória resposta de que NÃO, afinal ele não é amador.

Saindo do cinema podia-se ouvir as críticas :”Esse filme não vai fazer tanto sucesso!”. E de fato concordo que não serão todos a apreciar o que Del Toro quis apresentar em seu novo longa. Crimson Peak é romântico, enigmático e tem trama assustadora. Também demonstra uma realidade dura a ser aceita: Os humanos podem ser muito piores do que os monstros da nossa imaginação.

Crimson Peak, ou A Colina Escarlate é mais uma obra que mostra o brilhantismo de Del Toro em criar cenários fantásticos, com criaturas extremamente interessantes. Assim como seu sucesso O Labirinto do Fauno, este filme te prende tanto por narrativa quanto pela fotografia. Todos os elementos necessários para criar uma ótima película estão lá, e você pode degustar calmamente por duas horas uma obra de arte.

História (cuidado com spoilers)

Crimson-Peak cena

A história se passa em torno de 1800 pós revolução industrial, onde uma jovem chamada Edith (Mia Wasikowska) sonha em ser uma grande escritora. Ela vive com seu pai e é orfã da mãe, que é um grande trauma de sua vida. Tudo começa a mudar quando os Sharpe chegam a região. De início a jovem não se importa com as fofocas sobre um novo “baronete” a cidade, mas este acaba por ganhar sua afeição. Os Sharpes são dois irmãos enigmáticos, Thomas (Tom Hiddleston) e Luccille (Jessica Chastain) que procuram empréstimo para a construção de uma máquina de Thomas. O envolvimento de Thomas com Edith cresce até que os dois casam e vão morar na Europa na Colina Escarlate.

Após o casamento, Edith começa a entender o que é a Colina Escarlate e descobre vários segredos dos irmãos Sharpe. Aqui entra um ponto interessante a ser avaliado no filme. Quando esses segredos vão sendo revelados é preciso muito discernimento para entender porque certas coisas são consideradas monstruosidades. No mundo que vivemos atualmente com tanta violência e notícias perturbadoras, nosso senso de humanidade é muito diferente do que realmente deveria de ser. É como se os verdadeiros monstros estivessem dentro de nós e afloramos eles de forma a julgar que não exista nada de errado.

O filme se foca bastante em mostrar o impensável, mais do que focar no sobrenatural. Os monstros propostos no filme servem de pano para apresentar um contexto muito mais real e possível de acontecer mas que a maioria não pensaria a respeito.

Opinião

Crimson-Peak tom hiddleston

Como é de meu agrado histórias sólidas, onde todo o cenário da trama é bem desenvolvido até chegar ao ponto alto da trama, não tenho reclamações quanto a Crimson Peak. A atuação de Mia Wasikowska foi algo que deixou a desejar, mas que nada influenciou para como o filme desenrolou.  Outro personagem que foi pouco aproveitado foi o médico Alan McMichael interpretado por Charlie Hunnam, ele é uma espécie de mocinho que tenta salvar Edith na trama e que tem grande afeição pela mesma, porém passou rapidamente pelas cenas e não teve uma conclusão tão eficaz.

Já a atriz Jessica Chastain se saiu bem em seu personagem enigmático e sombrio, minha curiosidade foi voltada para cima de sua história e o que poderia ter deixado ela crescer desse jeito perturbado. A frieza de Lucille se mistura a pertubação e luxúria em todo o momento do longa, e mesmo com um perfil de antipatia não chega a ser considerada vilã quando sua história vai se revelando.

Tom Hiddleston mais uma vez me ganha por seu charme e interpretação, posso dizer facilmente que ele tem sido um dos meus atores favoritos graças a forma em que ele consegue entrar em um personagem sem precisar sair do que é realmente. Seus personagens sempre são de base, não foram feitos para impactar, é como um ponto de elo para algo maior. Em Crimson Peak por mais que ele seja um dos nomes de frente, ele dá muito mais assistência para a trama acontecer do que para o encaixe dele na mesma, e eu me agrado muito com isso.

Outros pontos fortes do filme são figurino de época e a trilha sonora. Os vestidos usados por Mia e Jessica são deslumbrantes com muitos detalhes de bordado e em tons ricos como dourado e azul marinho. Já a trilha é composta em maior parte no piano, arrematando a trama classe e arrojamento.

Sem mais delongas, é claro que deixo aqui a recomendação para quem quer aproveitar algumas horas de arte e romance gótico.

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Sarah Campos

Fundadora do Sahssaricando. Vive com a cabeça no mundo da lua, parou no tempo do Balão Mágico e tem alma oitentinha. Gosta de assuntos bons o suficiente para render horas de conversa e é uma eterna aprendiz da vida.

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