De 12 a 28 de agosto, acontece o Circuito Sesc de Artes, promovido pelo Sesc São Paulo em parceria com prefeituras e sindicatos do comércio, serviços e turismo. Serão cerca de 85 ações artísticas e educativas em 14 roteiros que percorrem praças e parques durante três semanas.
A programação, para todas as idades e interesses, passa por 118 municípios da Grande São Paulo, interior e litoral paulista e conta com apresentações de teatro, dança e circo, shows musicais, oficinas, intervenções, vivências, ações literárias, cinematográficas, de artes visuais e tecnologias, envolvendo mais de 500 profissionais das artes de diversos estados do Brasil.
O Circuito Sesc de Artes chega aos municípios que fazem parte da área de atuação de unidades do Sesc com ações artísticas que buscam provocar novas percepções, reflexões e vivências. Com o intuito de fomentar, fortalecer e ampliar o espaço de diálogo e convivência, o respeito e a transformação social, a edição 2022 do Circuito Sesc de Artes intensifica o olhar para toda a diversidade de pessoas.
Durante um dia em cada município, os artistas realizam os espetáculos, shows e oficinas nas praças e parques com o objetivo de estimular o uso dos espaços públicos como lugares fundamentais para o convívio social e a troca de experiências e aprendizados, favorecendo os encontros e os afetos em uma perspectiva do desenvolvimento humano por meio da arte e da cultura.
“À medida que observa a coexistência de estéticas tradicionais e experimentais como marca de uma cultura multifacetada, a edição desse ano também compreende que a diversidade de expressões originárias de diferentes corpos e ancestralidades é objeto incontornável na direção de convívios compartilhados, que sejam plurais e dignos.”, comenta Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo.
Música
Uma série de atrações irá percorrer grande parte do estado de São Paulo com artistas de vários estados brasileiros. Um dos nomes que se destacam em música é Ana Cañas, que apresenta um show em que faz um mergulho na obra do cantor Belchior, com canções como Alucinação, Sujeito de Sorte, Coração Selvagem e Como Nossos Pais.
A cantora e compositora paulistana Drik Barbosa apresenta as faixas do seu disco de estreia – o álbum leva o nome da artista. As músicas partem do rap e transitam pelo pop, passando pelo R&B, pelo funk e pelo pagode, com letras criadas a partir de vivências que falam sobre o empoderamento feminino e a negritude.
Índígena da etnia Guajajara, a cantora, compositora, rapper, atriz e escritora Kaê Guajajara (MA), nascida em Mirinzal (MA) e radicada no Rio de Janeiro, apresenta músicas de seus EPs e do seu disco Kwarahy Tazyr (2021), que traz uma visão atual sobre a realidade dos povos indígenas no Brasil e discute temas como preconceito, racismo e resistência.
A cantora, compositora e violonista de Juazeiro, Josyara, divide o palco com as Panteras Negras, banda instrumental composta de mulheres negras, em um show que retrata as mulheres, a negritude e o Nordeste. No repertório estão músicas criadas para este encontro e composições dos repertórios das Panteras Negras e de Josyara, que apresenta faixas do disco Mansa Fúria.
A Orquestra Mundana Refugi, formada por músicos brasileiros, imigrantes e refugiados de várias partes do mundo, toca temas tradicionais da Palestina, Irã, Guiné, Congo e Brasil, além de composições próprias de Carlinhos Antunes. Kanun, acordeom, piano, violino, cítara chinesa e bouzouki são alguns dos instrumentos utilizados.
O músico carioca Chico Chico, acompanhado de um tecladista (Pedro Fonseca) e um percussionista (Pedro Amparo), apresenta as canções do seu primeiro álbum solo, Pomares. Lançado em novembro de 2021, o disco homenageia as mães do artista, Cássia Eller (1962-2001) e Maria Eugênia, e celebra a dinâmica da natureza, da semeadura à morte.
A intérprete baiana Nega Duda entoa os clássicos eternizados na voz da cantora fluminense Clementina de Jesus (1901-1987), que ficou conhecida pelo público como Rainha Quelé. No espetáculo, que mistura música e teatro, a narrativa é livremente inspirada no livro Rainha Quelé – Clementina de Jesus.
Teatro
A Cia. Mungunzá de Teatro (SP), do premiado Luis Antonio-Gabriela apresenta AnonimATO, seu espetáculo mais recente que tem direção de Rogério Tarifa. Em um cortejo com grandes instalações, bonecos, perna-de-pau e música, a montagem, primeiro espetáculo de rua do grupo, faz uma homenagem ao fazer teatral. Em cena, oito personagens (como a mãe, a mulher-árvore, a vendedora de sonhos, o homem-placa, o pipoqueiro), figuras anônimas de uma cidade grande, são convocados de várias maneiras para um ato e se encontram durante essa caminhada.
Para os pequenos, o Núcleo VRAAA (SP) apresenta VRAAA!. Deitado no chão, um boneco de quase dez metros de altura chama a atenção do público e provoca estranhamento quando desperta e começa a se mexer. Nesta performance lúdica, quatro artistas dão vida ao boneco, que se transfigura em novas formas. De suas estruturas surgem bonecos, máscaras e parangolés, que se sobrepõem para construir novas possibilidades.
Baseado em uma história real, o espetáculo Quando eu morrer vou contar tudo a Deus, da Cia O Bonde (SP), acompanha Abou, um menino africano que foi encontrado dentro de uma mala tentando entrar no continente europeu. Ao som de tambores e violão, atores-narradores apresentam a trajetória do pequeno refugiado que enfrentou dificuldades com criatividade, imaginação e coragem.
A Cia dos Inventivos (SP) apresenta Azar do Valdemar, em que uma trupe de artistas mambembes narra o desaparecimento de Valdemar e, com o público, tenta recriar a sua trajetória. O espetáculo, livremente inspirado na obra “Viva o Povo Brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro, reúne dramaticidade, música e arte circense.
Baseada no cordel Um Conto Bem Contado, do poeta potiguar Antônio Francisco, a peça O Torto Andar do Outro, da Cia. Pão Doce (RN), reflete sobre pluralidade humana, respeito e tolerância. Em uma cidade encantada, os habitantes, que andam de lado como caranguejos, têm seus hábitos e costumes alterados depois de descobrirem uma criança que anda para frente.
Dança
Key Zetta e Cia apresentam RIR – Intervenção Segundo Movimento, espetáculo que é um desdobramento de Riso (2017). A intervenção explora as pesquisas da companhia sobre o corpo e a dança afetados pelo riso e pelo humor. Com concepção e direção de Key Sawao e Ricardo Iazzetta, a performance traz artistas que provocam o público a interagir no espaço público a partir de diferentes tipos de riso.
O Grupo Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira (SP) apresenta Bolo de Rolo: Banda Baile Bloco. O espetáculo tem como proposta ser um baile interativo, que remete às festas populares brasileiras, em que o público é convidado a estar em cena participando das coreografias e interagindo com os bailarinos ao ritmo do forró, do coco, do maracatu e do baque virado misturados ao pop e rock.
O espetáculo Ou 9 Ou 80, da Clarin Cia de Dança (SP), faz referência a dois acontecimentos violentos: nove mortes em Paraisópolis (São Paulo) e 80 tiros no carro de uma família em Guadalupe (Rio de Janeiro). A apresentação utiliza letras de funk para narrar as histórias e expõe as modificações dos movimentos do funk ao passinho.
Circo
Do Distrito Federal, a Cia. Circênicos leva para a estrada o seu Utopia, uma comédia visual apresentada por dois personagens, o trapaceiro e o atrapalhado, ambos buscando o caminho de ganhar o jogo da vida. Jogando com a plateia, mágicas acontecem em situações do dia a dia, envolvendo comida, dinheiro e amor. No ato final, eles surpreendem a todos com um perigoso e impossível truque de mágica.
Bloom – Caminhos e Encontros, da Cia LaMala (SP), traz para a cena acrobatas que carregam ancestralidades, histórias pessoais, repertório de gestos e movimentos. Em um processo mais poético do que linear, os artistas mostram, sobretudo, suas habilidades com a técnica mão a mão, uma acrobacia coletiva que festeja a potência dos encontros.
O espetáculo Construtores, do Coletivo Vertigem (SP), mescla diferentes modalidades circenses como roda cyr, acrobacias de solo e aéreas e saltos no “trampoline wall”. A trupe em cena, formada por cinco artistas, representa construtores em seu dia a dia de trabalho em uma cidade em obras.
Literatura
Vozes Negras na Literatura, da Cia. Alcina da Palavra (SP), promove uma atividade de mediação de leitura em um tapete ilustrado com adinkras (símbolos ideográficos africanos). Nela, os participantes têm um encontro com obras da literatura infantojuvenil criadas por escritoras e escritores negras e negros com protagonistas também negras e negros. O objetivo dessa escolha é despertar percepções e fortalecer o respeito à diversidade.
A poeta goiana Cora Coralina (1889-1985) combinou palavras e sentimentos com a feitura dos doces que tanto amava. É ela a inspiração para a intervenção poético-literária Os Doces Poéticos de Cora Coralina, do grupo Poèmes en Machine (SP), com cheiro de cravo e canela, que propõe a criação de poemas em tempo real, a partir das sensações relatadas pelo público, após ouvir e ler as obras da autora.
Que Língua É Essa?, do Núcleo Pé de Zamba (SP), é um passeio lítero-musical recheado de curiosidades sobre a língua portuguesa, trechos de poemas, canções e danças que ilustram a multiplicidade e o dinamismo do português para além da norma culta, visitando, inclusive, as transformações lançadas a partir da comunicação virtual e das redes sociais.
Artes visuais e Tecnologias
Grafiqueta Zine – Ateliê de Criação de Fanzines, com Ateliê Libélula & Sarau Comics, possibilita experimentações gráficas com foco na criação de publicações impressas, os zines. A atividade tem o objetivo de empoderar e incentivar os participantes a terem contato com uma nova forma de comunicação social e expressão artística.
Adriana Amaral, Mafuane Oliveira, Jhow Carvalho, Joice Jane Teixeira e Roberto Santos (SP) ministram a oficina A Roupa do Rei Adinkra. A partir da história dos símbolos e ideogramas Adinkra, sistema de escrita que faz parte da estamparia e indumentária dos povos Akan, ainda presentes em países como Gana, os participantes são convidados a criar estampas e roupas em miniatura. Na oficina, os artistas-educadores vão apresentar também músicas, jogos e brincadeiras que percorrem o continente africano.
A oficina Madeira Lúdica, com o Coletivo Construtores (SP), apresenta princípios da marcenaria por meio da construção de formas lúdicas de médio formato com peças encaixáveis de madeira. Ao final da atividade, os participantes construirão uma “árvore”, evidenciando a lógica do corte e do processamento da madeira como elemento extraído da natureza.
Cinema
O Cine Concerto Interativo, apresentado pelo GEM – Grupo Experimental de Música (SP), que se dedica à pesquisa e criação de sons e instrumentos com sucatas, cria uma trilha sonora ao vivo simultaneamente à exibição de trechos dos filmes O Menino e o Mundo (Alê Abreu), Tempos Modernos (Charlie Chaplin) e Alice no País das Maravilhas (Tim Burton).
Ciclo Para Educadores
Compondo a programação do Circuito Sesc de Artes, o Ciclo de Sensibilização para Educadores propõe um diálogo pautado nas artes e na cultura, trazendo reflexões sobre caminhos possíveis para a educação no Brasil.
O curso, que será ministrado por seis artistas-educadores(as) das artes cênicas, da música e da literatura, é gratuito e acontecerá entre os dias 10 e 25 de agosto, às quartas e quintas-feiras, e será dividido em duas turmas que participarão de três encontros on-line. As inscrições iniciam a partir de 28 de julho, às 14h, pelo link https://bit.ly/
Estes encontros irão propor reflexões sobre estratégias de aplicações da arte e da cultura na socialização, buscando pensar sobre novas formas de imaginar a escola e suas práticas diante dos desafios do contexto atual. O Ciclo de Sensibilização para Educadores reafirma a ação do Sesc voltada à formação, ao conhecimento e à melhoria da vida dos indivíduos.
Circuito Sesc de Artes 2022 – De 12 a 28 de agosto
Programação completa disponível em www.sescsp.org.br/
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