Desde a tragédia do Rana Plaza, em 2013, o Fashion Revolution mobiliza a sociedade em prol de uma indústria da moda que respeite e valorize a natureza e a vida de todos que fazem parte da sua cadeia produtiva. Neste momento não é diferente. Em tempos de crise é necessário atentar principalmente para os mais vulneráveis, que na moda, é falar sobre quem ocupa as pontas: as pessoas que fazem nossas roupas.
A crise decorrente da Covid-19 está prejudicando milhões de trabalhadores em todo o mundo. Em Bangladesh, o segundo maior produtor global de itens de vestuário, já foi calculado em quase 3 bilhões de dólares a quantidade de pedidos cancelados de acordo com a revista Forbes. A situação local é considerada apocalíptica, pois além de muitos estarem desempregados, a situação é nada favorável para um isolamento social, pois muitos dos trabalhadores vivem em moradias precárias, sem acesso à água limpa e produtos de higiene.
No Brasil a realidade não é tão diferente. Pedidos cancelados, fábricas paralisadas e muitos trabalhadores impossibilitados de produzir, em uma realidade onde muitos dependem da produção diária para se alimentar.
Seguindo a determinação do Ministério da Saúde Federal e do Governo do Estado local, para conter a disseminação do Covid-19, o Fashion Revolution não irá realizar nenhuma atividade presencial e incentiva que, neste momento, a garantia da segurança (de saúde e financeira) de todos os trabalhadores do setor, seja a prioridade, tanto para os empresários, quanto para o governo e sociedade civil.
A campanha de 2020 da Semana Fashion Revolution aborda quatro temas: consumo, composição, condições de trabalho e ações coletivas. Esses temas, que aprofundam a narrativa do movimento, nunca se mostraram tão importantes quanto nesse momento de desafios que a pandemia está nos submetendo. Mais do que nunca precisamos questionar o modelo de consumo o qual a sociedade como um todo está imersa, e quais os impactos que a cultura da descartabilidade têm sobre trabalhadores e o meio ambiente. Mais do que nunca precisamos nos interessar sobre a composição das roupas, e o que isso representa na rotina de todos os trabalhadores que manuseiam químicos diariamente, impactando na sua saúde, e também na saúde do solo e das águas.
As condições de trabalho precárias na Indústria da moda, que sempre foram questionadas pelo movimento, se mostram exacerbadas em momentos como esse. Com demissões em massa e reduções de salário acontecendo na indústria, é colocada ainda mais luz sobre a vulnerabilidade dos trabalhadores. A falta de transparência, que muitas vezes encoberta a falta de responsabilidade das empresas para com seus trabalhadores, cria condições perfeitas para que pessoas sejam negligenciadas em detrimento ao lucro.
O Fashion Revolution acredita que a capacidade de empatia coletiva é fortalecida por nossa experiência global compartilhada. Precisamos usar do direito de ficar em casa nesse momento, que deveria ser um direito de todos, para amplificar nossas vozes. Agora, mais do que nunca, precisamos promover ações coletivas para que tenhamos ainda mais voz na luta por uma cadeia de moda mais justa.
Durante a Semana Fashion Revolution, que acontecerá entre os dias 20 e 26 de abril, o Fashion Revolution convida à todos a questionar #QuemFezMinhasRoupas, e demandar que as marcas de moda protejam e dêem suporte para os trabalhadores de sua cadeia de produção. A programação, que acontece simultaneamente em mais de 100 países, será totalmente digital e irá promover o debate sobre como podemos revolucionar a história da moda rumo à um setor mais transparente, ético e limpo.
No perfil do Instagram do Fashion Revolution Brasil (@fash_rev_brasil), mais de 60 parceiros irão contribuir para o debate com participações em vídeos e lives. São eles pesquisadores, educadores, trabalhadores da cadeia produtiva, criativos, agências de tendências, ONGs, imigrantes, políticos, ambientalistas e cooperativas de periferias. Dentre alguns dos destaques estão o Sistema B, Senai, Repórter Brasil, ONU Mulheres, Akatu e CUT.
A programação contará com lives, que acontecerão diariamente, de 20 a 26 de abril, no instagram do Fashion Revolution Brasil e em outros perfis e plataformas. Veja abaixo alguns destaques:
20/04 às 19 horas – Abertura e Futuro do Consumo
Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu
Fernanda Simon, diretora executiva do Fashion Revolution Brasil
21/04 às 19 horas – Educar para Revolucionar
Yamê Reis, coordenadora IED Rio
Eloisa Artuso, diretora educacional Fashion Revolution Brasil
22/04 às 19 horas – Plástico, oceanos e a moda: Qual a relação?
Paulina Chamorro, jornalista ambiental
Gabriela Machado, Roupartilhei
23/04 às 19 horas – Qual é a situação dos trabalhadores do Brasil durante a pandemia?
Carla Aguilar, do CAMI – Centro de Apoio e Pastoral do Migrante
Iara Vidal, representante Fashion Revolution Brasília
24/04 às 11 horas – Ideias para adiar o fim do mundo
Ailton Krenak – líder indígena, ambientalista e escritor
Iara Vidal, representante Fashion Revolution Brasília
24/04 às 19 horas – 7 anos após Rana Plaza – moda, escravidão
Leonardo Sakamoto – Repórter Brasil
Eloisa Artuso, diretora educacional Fashion Revolution Brasil
25/04 às 19 horas – Ação Coletiva: como a sociedade civil pode se organizar por um bem comum
Maristella Ianuzzi , ONU Mulheres
Marina de Luca, Moda Limpa
26/04 às 19 horas – A moda que queremos
Lilyan Berlim, professora e escritora
Fernanda Simon, diretora executiva do Fashion Revolution Brasil
Também acontecerão mais de 90 ações online, articuladas por 65 representantes voluntários em parceria com atores da cena local. Acompanhe a programação completa no hotsite Semana Fashion Revolution e siga nossas redes para ter mais informações. Faça parte da revolução. Seja Curioso. Descubra. Faça algo!
Para saber mais: @fash_rev_brasil #SemanaDigital #FashionRevolution
#QuemFezMinhasRoupas #DoQueSãoFeitasMinhasRoupas
Sobre o Fashion Revolution
O movimento foi criado após um conselho global de profissionais da moda se sensibilizar com o desabamento do edifício Rana Plaza em Bangladesh, que causou a morte de mais de mil trabalhadores da indústria de confecção e deixou mais de 2.500 feridos. A tragédia aconteceu no dia 24 de abril de 2013, e as vítimas trabalhavam para marcas globais, em condições análogas à escravidão.
A campanha #QuemFezMinhasRoupas surgiu para aumentar a conscientização sobre o verdadeiro custo da moda e seu impacto no mundo, em todas as fases do processo de produção e consumo. Realizado inicialmente no dia 24 de abril, o Fashion Revolution Day ganhou força e tornou-se a Semana Fashion Revolution, que conta com atividades promovidas por núcleos voluntários, em mais de 100 países.
No Brasil, o movimento atua há 5 anos e hoje está estabelecido como Instituto Fashion Revolution Brasil. Durante a Semana Fashion Revolution, e ao longo do ano, realiza ações e projetos que promovem mudanças de mentalidade e comportamento em consumidores, empresas e profissionais da moda.
A equipe que representa o movimento na cidade de Santos, que formou um Coletivo composto por Suzana Elias Azar, jornalista especializada em moda e estilo de vida como representante oficial junto com Andrea Campanilli (artista), Mariane Costa (ecodesigner) que são sócias na rede OxiGênio Criativo e Manuela Justel Honorato que tem um brechó chamado Gaveta de Clotilde, optou por elaborar ações ao longo do ano
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