Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa (2020)

A cada novo lançamento do universo DC as pessoas ficam apreensivas. Com muito mais deméritos do que deveria, dado a qualidade da obra original, a tendência é acharmos que quando um filme com o selo do Universo DC estréia nos cinemas, existem grandes chances de o filme estar aquém da obra na qual se inspira.

Apesar de esta ser quase uma regra, Aves de Rapina surge como uma grata surpresa. O filme não é perfeito, e alguns defeitos são bem latentes, mas no geral o filme diverte, é consistente e por muitos momentos apaga seu predecessor, o problemático Esquadrão Suicida.

Como o título mostra, o filme se centra na personagem Arlequina, interpretada por Margot Robbie, e de cara podemos dizer que esse é um dos maiores pontos positivos do filme. A atriz é sensacional, e transparece de forma natural e alegre todo o caos que a personagem representa.

É por uma narrativa caótica que o filme segue, sempre do ponto de vista de Harley, sofrendo as angústias de ter terminado seu doentio relacionamento com o Coringa, icônico vilão do Batman. As outras personagens que se unem ao grupo, feito de acasos e problemas, são a detetive de Gotham Renné Montoya (Rosie Perez), Dinah Lance (Jurnee Smollett-Bell), A Caçadora (Mary Elizabeth Winstead) e Cassandra Cain (Ella Jay Basco) são bem construidas e concisas, tendo um razoável tempo de tela. Sua profundidade só não é maior por conta da própria estrutura do filme, que extrapola um pouco o recurso de pular no tempo para manter o conceito de que a história está sendo contada pela Arlequina.

O grande vilão do filme, Roman Sionis, é uma caricatura plástica e sem vida, que consegue se sustentar única e exclusivamente pela grandiosidade de Ewan McGregor, que o interpreta. O mesmo não pode ser dito de Victor Zsasz (Chris Messina), que é o tempo todo artificial e fraco. Os locais retratam uma Gotham que ao mesmo tempo é realista e cartunesca, com uma fotografia impecável. A trilha sonora também é um espetáculo a parte, combinando perfeitamente em cada momento do filme. As cenas de luta merecem uma menção a parte. São brilhantemente executadas, focando nos pontos fortes de cada uma das heroínas.

O filme certamente é uma aula sobre sororiedade, mostrando o impacto da cultura machista e da opressão sofrida pelas mulheres e seu resultado. Um filme que certamente deve ser assistido, e mais um acerto para o Universo DC.

Sarah Campos

Fundadora do Sahssaricando. Vive com a cabeça no mundo da lua, parou no tempo do Balão Mágico e tem alma oitentinha. Gosta de assuntos bons o suficiente para render horas de conversa e é uma eterna aprendiz da vida.

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