O Doutrinador

Fomos convidados pelo Cine Roxy para conferir a Pré-estréia de “O Doutrinador”, filme de Gustavo Bonafé baseado na série de quadrinhos nacionais de Luciano Cunha.

Com uma história de origem puxada para o clichê, o filme poderia cair em uma série de armadilhas e ficar apenas mais um. Mas o longa é tão bem executado que não só se destaca no cinema nacional como tem grandes chances de atrair o público mundial.

Um vigilante mascarado surge para atacar a impunidade que permite que políticos e donos de empreiteiras enriqueçam às custas da miséria e do trabalho da população brasileira. A história do homem por trás do disfarce de “Doutrinador” envolve uma jornada pessoal de vingança na qual um agente traumatizado decide fazer justiça com as próprias mãos.

Essa é a premissa que criou um herói contra a corrupção. O longa é recheado de referências tanto a quadrinhos que foram inspiração para o personagem quanto referencias a situação política nacional. Altamente baseado nas manifestações de 2013, o filme se destaca mesmo tendo uma história de senso comum entre anti-heróis: Uma tragédia pessoal o faz buscar vingança.

Os atores, em especial Kiko Pissolato e Tainá Medina, que formam juntos a dupla involuntária de combatentes da corrupção, está primordial, e o arco de vilões contém grandes nomes como Eduardo Moscovis e Marília Gabriela. A fotografia do filme é densa, escura, e passa exatamente a proposta de um mundo corrupto e carente de um salvador.

As cenas de ação são brilhantemente executadas, e por vezes o filme lembra muito a ação apresentada nos anos 80, com um “herói real” que costura seus próprios ferimentos e que se apresenta como a única solução para o problema. A trilha sonora é impecável, com diversos sucessos internacionais e músicas nacionais extremamente políticas, trazendo problemas da atualidade para a situação ficcional do herói.

Mais do que um excelente filme, O Doutrinador abre um precedente importante: É possível trazer para o mercado nacional os filmes de gênero. A cada ano que passa o cinema nacional tem mostrado mais maturidade, qualidade e competência, e recentemente tem trazido também a ousadia que faltava para alavancar ainda mais nossos atores, diretores e equipes de cinema.

Com o sucesso deste filme, podemos ter certeza de que muito mais experimentação e tentativa serão apresentados no cinema nacional. E o filme ainda avisa que em 2019, uma série do Doutrinador será lançada no canal Space, trazendo para mais perto da produção audiovisual do país o conceito de séries, que começaram a usar de gênero em 3% (que comentamos aqui), entre outras.

É um filme que vale a pena ver no cinema, e acompanhar essa saga nas outras mídias também!

Sarah Campos

Fundadora do Sahssaricando. Vive com a cabeça no mundo da lua, parou no tempo do Balão Mágico e tem alma oitentinha. Gosta de assuntos bons o suficiente para render horas de conversa e é uma eterna aprendiz da vida.

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