Legalize Já – Amizade Nunca Morre

Fomos a convite do Cine Roxy conferir a pré-estreia do filme “Legalize Já! Amizade Nunca Morre”, que conta a história da criação do Planet Hemp, uma das maiores bandas nacionais de rock.

O filme aposta no gênero de cinebiografia, algo que está em alta no mercado brasileiro. Até o momento, tudo tem dado bem certo para esse gênero, com os excelentes filmes “Mais forte que o Mundo”, que conta a história de José Aldo (leia aqui a critica) e o recente “10 segundos para Vencer” (leia aqui a crítica), contando a trajetória de Eder Jofre. E com Legalize Já, a situação dá um passo a frente. O filme é excelente em diversos pontos que convergem em um filme que merece e deve ser assistido.

O primeiro destaque não poderia deixar de ser o elenco. Renato Góes interpreta Marcelo D2 e Ícaro Silva interpreta Skunk, os fundadores da banda carioca. Ambos os atores entram profundamente nos personagens, assumindo até maneirismos de fala e de movimento.

Ícaro em particular se transfigura e mostra toda sua força no papel. O elenco de apoio também está afinado, com destaque para o ator argentino Ernesto Alterio no papel de Brennand, dono de bar e grande apoiador do projeto de Skunk e D2. Em um filme pesado, que mostra duramente a realidade da periferia carioca e as dificuldades que a dupla tem desde se conhecer por uma série de acasos do destino, é importante a figura de Brennand como um ponto de apoio, que da um tom de leveza e humor ao filme.

A trilha sonora é outro ponto alto do filme, com as letras altamente politizadas e críticas da banda se misturando com clássicos do Punk como Holiday in Cambodia de Dead Kennedys e outros estilos questionadores. A parte da trilha sonora, entretanto, a banda em si fica em plano de fundo, dando um destaque muito maior a amizade de D2 com Skunk e a importância dessa amizade na vida dos dois jovens.

A Fotografia é de uma beleza impar. A escolha de cores e de quadros torna ambientes comuns e “feios” da cidade do Rio de Janeiro em obras de arte, fazendo com que todo o visual do filme seja belo. Os diretores Jhonny Araújo e Gustavo Bonafé tem uma série de decisões bem sucedidas, passando uma sensação de urgência e atualidade em um filme que se passa nos anos 90.

O filme termina sem mostrar o sucesso do Planet Hemp e do próprio D2, deixando claro que a intenção da dupla é mostrar um filme de amizade, amor e luta, o que eles conseguem com louvor. A luta, inclusive, é muito maior do que se imagina.

A Banda é conhecida ficou conhecida por seu discurso pró-legalização de maconha, mas muito mais do que isso, tanto as letras do Planet Hemp quanto o filme em questão são um manifesto a liberdade e uma reivindicação dos direitos mais básicos do cidadão. É sobre tudo o que estava errado, e não só continua errado hoje como pode piorar. Uma peça de resistência em um mundo que cada vez mais teme ter sua própria voz.

Um filme que mantém uma postura tocante e empática no que diz respeito a relações humanas e principalmente sobre a amizade. Com certeza vale a pena assistir.

Sarah Campos

Fundadora do Sahssaricando. Vive com a cabeça no mundo da lua, parou no tempo do Balão Mágico e tem alma oitentinha. Gosta de assuntos bons o suficiente para render horas de conversa e é uma eterna aprendiz da vida.

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