Em Jim & Andy vemos uma faceta até então desconhecida do comediante Jim Carrey: A de pessoa comum. O documentário da Netflix mostra com carinho e atenção os bastidores de O Mundo de Andy, filme lançado em 1999.
Jim Carrey mostra-se para nós como uma pessoa completamente nova, cheia de reflexões e conflitos em sua carreira e na forma de lidar com o sucesso enquanto narra os bastidores do filme de 1999. Jim Carrey saiu dos holofotes da mídia e ficou mais recluso por passar por momentos intensos de depressão, e agora mostra o quanto isso fez bem para ele próprio.
A escolha de interpretar Andy Kaufman (Taxi) no longa “O Mundo de Andy” explorou novas experiências e deu ao ator a chance de atuar como um de seus maiores ídolos. E além da atuação, Jim leva muito da personalidade de Andy para seu cotidiano, e deixou o mundo impressionado com isso.
Kauffman era um comediante avant-garde, cujo talento era impressionante mas muitas vezes deixava o público sem entender seu humor. Nisso o filme acerta em cheio, pois o diretor Milos Forman (Um Estranho no Ninho) consegue transparecer a vida cheia de altos e baixos e a carreira curta do comediante. Para dar vida a esse personagem, Jim Carrey não só estudou Andy, ele o incorporou.
E ao ver o que estava acontecendo com o ator a Universal Pictures percebeu a grande idéia que aparecia a sua frente: Montar um documentário do Making Of, focando-se em Jim. O resultado final não agradou a editora, que acabou abandonando o projeto e deixando as fitas guardadas por quase vinte anos, quando foram desenterradas pelo Netflix.
O que impressiona no documentário é que houve um cuidado especial para contextualizar a obra, trazendo as gravações antigas como um contraste que avalia o Jim Carrey quase 20 anos depois. Na época das gravações, Jim já era um ator famoso e milionário, que estava acomodado em um tipo específico de atuação. Ao interpretar seu ídolo, Carrey percebeu que era infeliz em sua carreira e decidiu se afastar de tudo aquilo.
Repleto de partes engraçadas, o longa é no fundo um grande desabafo, uma vez que estas cenas são resultado dos excessos cometidos pelo ator enquanto ele incorporava Kaufman. Sua atitude chega a extremos de invadir sets de outra gravação para falar com Steven Spielberg, beber a ponto de ser carregado e ter o diretor implorando para que ele fizesse ao menos uma cena da forma que foi pedida.
Esses extremos, apesar de engraçados em vídeo, mostram o cansaço e esgotamento que a vida de fama trouxe para o ator, que apesar de ter “conseguido tudo” não havia ainda conseguido encontrar a felicidade. Jim Carrey passou por fases de depressão e chegou a dizer em entrevista de que sabia que as pessoas não o levavam a sério e só viam o lado cômico de sua atuação
A nova fase de Jim Carrey coloca em xeque o mundo que atualmente habitamos, ou pelo menos que só temos o conhecimento de ser assim agora. Aquela imagem de perfeição que Hollywood costumava passar tem se desfeito e mostrado muitas coisas que só ficavam na imaginação.
Além de escândalos, assédios, propinas e outras coisas chocantes, vemos os artistas colocando mais a cara as claras. E assistir a documentários que passem esse realismo é sensacional. Não é preciso o glamour a partir do momento que algo é real. E o real pode nos encher os olhos.
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